domingo, 10 de abril de 2011

O Fim

Depois de um fim-de-semana de congresso, de não sei o quê na Madeira e de saber que os islandeses não querem pagar o champagne que beberam resolvi aproveitar o resto de Domingo e reler O Fim, de António Patrício. Quando há vinte anos li pela primeira vez os livros do autor, que publicou esta peça pouco tempo antes do fim da monarquia constitucional, não consegui perceber este sentimento de apocalipse que sobressai de palavras como estas — "Há oito dia já, não existimos ...; desde que os representantes dos nossos credores, reunidos em conferência internacional o decidiram. Pois bem: o conselho reuniu hoje... Tratou-se de ir, o mais polidamente possível, à despedida dos embaixadores, que receberam ordem dos governos para partir...; calculou-se a hora a que chegarão, para tomar posse de nós, as esquadras estrangeiras...; e alguns dos meus colegas, prevendo um protectorado moderno, no espírito da nossa civilização, dizem constar-lhes: que além da rigorosa administração da fazenda que foi nossa, nada sofreremos... Vão dar-nos mesmo um parlamento. Só não existimos... De resto, um parlamento póstumo ...

domingo, 23 de maio de 2010

Consertos












Ficou catita o coletinho. Digam lá se o laço não ficou um mimo, muito princípio dos anos 70, e foi feito com a gola da camisola que se transformou neste deslumbrante gillet.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

dia-a-dia de uma trouxa









Ficou lindo o blusão para a menina que fez anos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

dia-a-dia de uma trouxa










Pois já está acabadinho o casaquinho. Ficou muito lindinho, este bocado de tecido que encontrei na trouxa dos retalhos em promoção. Ganhou uma alma nova e eu também pois sempre ambicionei ter um trapinho de pele de tigre.

sábado, 3 de abril de 2010

boa páscoa










Por vício, associamos as festas do calendário a algumas quantas iguarias que não gostamos de deixar passar em claro. E, na Páscoa, o cabrito e o cordeiro são trazidos para a mesa, assim como os folares, as regueifas e as amêndoas. Todavia, tudo isto nos remete para o tempo das sementeiras e a consequente fertilidade que se espera obter. Assim, neste tempo de renovação para a natureza deveremos experimentar o mesmo exercício. Boa Páscoa para todos!

terça-feira, 23 de março de 2010

dia-a-dia de uma trouxa











Pois aqui está a fotografia de um dos 10 parezinhos de calças a que a trouxa subiu a bainha. Foi um fim-de-semana inteirinho. Sábado para as medições e alinhavos e domingo para a máquina de costura. Valeu a pena ficaram quase perfeitos.

quinta-feira, 4 de março de 2010

etiqueta a mais









Um destes dias fui ao supermercado lá da rua. Entrei, recolhi duas ou três coisas que precisava e quando quis pagar é que foram elas; alarmes a apitar, luzes a acender e a apagar que mais pareciam fogo-de-artifício em noite de romaria.

A menina, sem paciência e com mau modo, ia perguntando – os sapatos são novos, o casaco, a mala? Ia-lhe dizendo que não, mas pelo sim pelo não entreguei-lhe a malita que ela passou na máquina. Não apitou. Ao contrário, cada vez que me aproximava dos alarmes era um chinfrim desgraçado. Eu, que quase nunca compro nada, desfazia-me em desculpas e dizia que nada era novo. Receosa, lembrei-me que na semana anterior me tinha acontecido o mesmo numa loja, mas como o alarme tinha tocado à entrada deixaram-me sair sem qualquer problema; e como não ando a assaltar lojas também não liguei muito ao assunto.

Entretanto, a multidão que se foi juntando nas caixas ia certamente tomando partido, mas nem me atrevia a encará-los de frente. Olhei timidamente por cima do ombro e pensei - se o polícia, que está à porta, se aproxima eu morro de medo! O lampejo da sobrevivência atingiu-me o cérebro e num ápice despi o casaco. A menina passou-o, maquinalmente, na máquina. Apitou, tinha uma etiqueta, que a menina bondosamente desactivou.

Paguei e saí do supermercado dando graças a Deus por ter uma etiqueta no casaco e não numa qualquer peça de roupa mais próxima do corpo.

Mas hoje pergunto-me se não haverá nada para proteger o cliente incauto nestas situações? Como é que um ano ou dois depois a etiqueta volta a ficar activa?

Eu não peguei naquele casaco e não saí da loja de um qualquer centro a correr para não ser apanhada. Paguei o casaco e saí calmamente com o casaco no saco e não houve alarmes sonantes.