sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A semana


Quem tramou os americanos? Bin Laden ou a Administração Bush?

Os americanos têm uma estranha forma de votar, mas vão ter de escolher. Provavelmente será  McCain o escolhido. Obama, acusado de inexperiência, ver-se-á grego para desatar o nó que prende os EUA. 

Entretanto a crise alastra e devorará tudo o que encontrar pelo caminho.


Satã do trigo 

A produção de trigo no Irão não foi suficiente. Faltam algumas toneladas que poderiam ter sido compradas na Europa ou noutro lado qualquer. Mas foi nos Estados Unidos, o Grande Satã, que os iranianos resolveram acabar de encher o celeiro. E não é que o GS vendeu?


Marta Rebelo e a crise  

Sarkozy, Zapatero, Bush  têm no governo mulheres dinâmicas e bonitas. Algumas chegaram por gosto e outras pela quota. 

Condoleezza Rice, elegante e credível, avança para os diálogos mais difíceis. Rachida Dati é a ministra de quem se fala. Carme Chacon a que fez primeiras páginas de  jornais.

Nós, nem por isso. Temos uma ministra da Educação com ar arrumadinho e simpático, mas parece que ninguém gosta. As outras  passam sem fazer história.

No Parlamento, agora que a Drª  Odete Santos já se reformou, restam meia dúzia de mulheres sem chama. A gravidez arredondou e apagou um pouco Ana Drago. Joana Amaral Dias não tem aparecido, felizmente. A Drª Manuela Ferreira Leite é como é e ninguém tem nada a ver com isso.

Se não fosse a  crise teria sido boa altura para Marta Rebelo fazer uma reentrada no Parlamento e começarmos uma época de charme na política. E quem sabe, no Governo.

Praxes 

Quando era estudante não havia praxes. Os gajos simpáticos do Maio de 68 tinham acabado com elas.  Pela década de 90, mais ou menos como um surto de crise, surgiu de novo esta mania.

Alunos, que em pleno verão se abafam dentro de fatos negros ficando rubicundos, mais parecendo lavradores de província. Alunas, que enchem as ruas de «alegria» levando atrás um séquito de patéticas caloiras, mais parecendo freiras de convento.

Eu podia ficar calada, mas não resisto e digo-lhes que sou adepta do M.A.T.A. , movimento que  elas não conhecem e que eu não sei se alguma vez existiu. Não resisto, também, a dizer-lhes que  não faria aquela figura de idiota. Elas abespinham-se porque gostam da liturgia. Daqui a uns anos vão despir o traje académico e vestir o vestidinho de noiva. Serão felizes para sempre, mas a humanidade não ganhará nada com isso.


Magalhães  

Pouco sei sobre o computador giro que o nosso Primeiro Ministro entregou nalgumas escolas.

Algumas pessoas que conheço  (e que não gostam do Sr. Primeiro Ministro nem do Governo dele) estão enternecidas com o gesto. Os pimpolhos estão desertos para (de rédea solta) irem ver o site da Barbie ou do Homem Aranha. Se for só isso não acho que tenha sido boa ideia andar aquela gente ajoujada a entregar Magalhães, que sempre pesam.


O francês tal qual se fala - método inventado há muitos anos pela minha colega ....

Na NS do Diário de Notícias, o Dr. Mega Ferreira escreveu  uma crónica sobre um gaiato que falava francês tal como escrevia. Uma tragédia. Indignou a  avó e escandalizou mais uns quantos. A Presidente da Associação Portuguesa de professores de Francês, usando do direito de resposta, veio logo na semana seguinte defender a honra dos professores.  

A propósito de tudo isto lembrei-me dos meus tempos de liceu e  de uma colega com pouco jeito para falar francês. Para fugir da raposa e não aturar o pai, que era maçador,  criou um método fantástico.  Pronunciava  as palavras tal como as escrevia. Os resultados apareceram em três tempos. Belíssimas notas nos testes e nos ditados. O pior era, de facto, a aula de leitura. Aí ficava tudo virado do avesso. A professora, daquelas antigas,  de óculos, magrinhas, muito direitas, muito exigentes, muito professoras, aguentava o embate como se nada fosse. Nós, asfixiávamos, mordíamos a bata, corávamos e os olhos enchiam-se de lágrimas. Não fosse a professora tão exigente e acabaríamos aos saltos ou a rebolar  no chão tal era a vontade de rir. 


sábado, 20 de setembro de 2008

A semana


A crise

Mais uma semana que não acabou bem.
Um dos maiores bancos americanos faliu. Com mais de 158 anos não conseguiu evitar a novidade da falência.
Ao menino e ao borracho põe Deus a mão por baixo, mas neste caso só a AIG se salvou.
Em Julho, a revista Prospect publicou um artigo «How to stop the next bubble» e aí George Soros, Anatole Kaletsky, Martin Wolf, John Gieve, uns mais pessimistas do que outros, deram a sua opinião sobre o que nos está a acontecer. Sim a nós, vulgarmente denominados Pkaninos.
Teremos de aguardar mais uns tempitos para saber quais os efeitos reais (colaterais, como gostam de dizer os economistas) na economia.
Um susto, alinho pelos pessimistas.

A Bimby

Cá por casa a turbulência, felizmente, foi causada pela Bimby - a máquina que um familiar chegado me ofereceu e que diz ser milagrosa. Por enquanto, ainda não deu para ver. Muito botão, muita velocidade. No entanto, constatei já que se suja menos louça.
Das bebidas e entradas à sobremesa tudo é feito no mesmo recipiente. No fim, fica para lavar apenas um simples copo de metal. Bom, einh?

O casamento dos homossexuais

Com tudo isto mal tive tempo para me informar acerca da política nacional. Mesmo assim ainda reparei nas questões que andam a ser tratadas na Assembleia. Questões importantes, mas muito em conta.
Quanto ao casamento dos homossexuais. Façam favor, não tenho nada contra, não sou pessoa de me meter na vida de cada um.

Ajuda do Estado aos bêbados e aos fumadores

Este assunto deixa-me dividida. Compreendo os alcoólicos. O vinho relaxa os músculos e a alma, o que não deixa de ser agradável, mas torna a fuga mais difícil.
- Avancem com o subsídio!
Quanto aos fumadores e à la Chaves O Malcriadão - vão para o raio que os parta.
Eu deixei de fumar e não andei a moer os outros contribuintes.

Palin e o pacto para engravidar

A filha de Sara Palin está grávida. Se isto deixa os miúdos felizes. Why not? Estas coisas só não estão ao alcance dos casais homossexuais.
Dir-me-ão, mas a mãe é contra o aborto e pela abstinência. Tudo bem. Têm razão.
E a filha, também é? Se for é lá com eles. Entendam-se, resolvam o problema, se for problema, não chateiem.
A mim preocupa-me mais o que está a acontecer num liceu do Massachussetts. Algumas raparigas, 18 concretamente, fizeram um pacto e engravidaram.
Esta atitude das meninas é estranha e preocupante.
Sendo ou não a filha de Pallin a culpada esta questão deveria ser motivo de preocupação para quem ganhar as eleições nos EUA.

sábado, 13 de setembro de 2008

google old news, google good ideas


Uma nova boa ideia da Google. Vai estar organizado e disponível para consulta o conteúdo dos jornais dos últimos 200 anos.
Ultrapassadas as questões relacionadas com direitos de autor e passados os engulhos da negociação dos lucros de publicação dos arquivos, teremos ao nosso dispor jornais antigos para podermos ler textos de jornalistas que já não escrevem, comparar o que foi dito em determinada altura sobre esta ou aquela questão. Também os investigadores terão o trabalho facilitado.

Quanto a mim, estou radiante. Gosto de ler jornais antigos, mas não gosto de os coleccionar. Os pedaços de jornal que resistem ao tempo, como os que vêm a embrulhar qualquer artigo de drogaria ou que serve para forrar a cesta das batatas, são irresistíveis para mim. Muitas vezes ou quase sempre, dou por mim, iluminada já pela solução que o tempo trouxe, a pensar como foi possível dizer-se isto ou aquilo.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Pequenos Consertos - Bleizão


Está quase terminada a obra de modificação que sofreu o blazer de risca de giz. O casaco com quase meia dúzia de anos já não estava a corresponder ao que dele era esperado.

Com a intervenção ficou pronto para dar mais umas voltinhas. Corte daqui, corte dali, o blazer azul-escuro é agora um blusão com fecho divisível (como me explicaram na capelista lá do bairro.) Uns acrescentos, umas costuras, uns pespontos e aí está ele o BLEIZÃO.
Parece-me que o trabalho ficou bom exceptuando uns detalhes que me estão a afligir. Como o tecido não era muito foi necessário aproveitar as pinças existentes, fazer uns acrescentos dos quais resultaram mais costuras do que é habitual. No final, o blusão tem tantos recortes visíveis como o casaquinho que Sara Palin a “futura vice-presidente dos EUA” usou para discursar na Convenção Republicana. Mas é mesmo só um detalhe.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Pequenos Consertos - A vida



São estes os apetrechos com que sempre resolvi os meus problemas de costura. Agulha, linha, dedal e tesoura foram suficientes, durante anos, para a produção lá de casa.
Quando me iniciei na transformação, modificação, renovação, reciclagem de roupa usada, tiveram pena de mim e ofereceram-me uma máquina de costura. Assustei-me com tanta roldana e botão, mas graças ao livro de instruções tudo se resolveu.

Agora, como George Soros e os economistas mais pessimistas avisam que o pior da crise está para vir, começo a pensar «voltar a roupa do avesso» como se fazia antigamente. A propósito destas habilidades lembrei-me de uma crónica de Lobo Antunes. Não resisti e fui relê-la.
«Eu herdava-lhe as camisas de monograma, um F e um E cuidadosamente bordados, camisas adaptadas pela minha mãe ao meu tronco de rãzinha adolescente, F e E que, ao despir-me para a ginástica, no liceu, apareciam, de pernas para o ar, na fralda, nas costas, nos sovacos, devido às cirurgias de tesoura e agulha da autora da minha existência.
Às segundas e quintas-feiras uma assembleia de colegas rodeava-me no vestiário, fazendo apostas sobre a localização das letras….. E o tio Eloy tornou-se, sem o saber, o ídolo do 4º A.»

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Os exames foram fáceis...

O resultado dos exames deixou os professores do sindicato muito empenhados na reivindicação de uma comissão de averiguação da facilidade.
Os exames foram concebidos por professores. Não sabia que eram adeptos do Governo.
Os exames foram corrigidos por professores. Não sabia que eram adeptos do Governo.
Para a comissão vão recrutar professores? Serão adeptos do Governo?

Todo este alarido parece escusado. Os professores sabem que se houve facilidade nos exames é porque há mais lugares do que meninos nas escolas.
Os professores sabem, também, que a facilidade nos exames só alguns a aproveitam; os mais dotados, os que passam sempre e os aflitinhos preguiçosos que não estudam, mas são bons rapazes e merecem passar.

Os professores sabem que o pior são os meninos a quem a escola não tem nada para dar. As saídas profissionais são pouco aliciantes comparadas com as alternativas. As matérias não têm admiradores. Dissecar uma rã não é nada para quem já viu as tripas do vizinho, no último festival de facada do bairro.

Nestas circunstâncias, aos professores que conseguem sobreviver e obter resultados não interessará, para já, a guerra dos resultados. Estes professores terão, certamente, muitas outras questões, bem como os pais e os alunos.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O tempo e o filme de Proust


A realizadora francesa Veronique Aubouy está agora empenhada em terminar o filme Em Busca do Tempo Perdido, que começou há alguns anos. Frente a uma câmara, três mil pessoas vão demorar 170 horas a ler o livro de Marcel Proust. Se as vozes e as pessoas forem bonitas será agradável o resultado.

Contas feitas por alto, 7 horas frente ao computador, basta pouco mais de um mês para despachar o Proust. Certamente poder-se-á ouvir no Ipod, enquanto se está no trânsito ou se prepara o jantar. Também as pessoas que já não vêm bem terão a vida facilitada.
Para estes livros, publicados há quase cem anos, nada substituirá a leitura que fizermos devagar, saboreando cada página com prazer.

Comecei a ler Em Busca do Tempo Perdido já lá vão uns anos. Uma edição dos livros do Brasil, com a fama que toda a gente sabe, abriu-me o apetite para ler na língua original. Comprei uma edição de bolso em francês, mas os numerosos volumes começaram a incomodar-me quando encontrei numa livraria a edição da Gallimard com 2408 páginas todas seguidinhas, num papel maleável que permite uma boa leitura.
Terminei Du côté de chez Swann e comecei À l'ombre des jeunes filles en fleurs, mas é coisa para demorar mais uns anitos. Uma ou duas páginas lidas sem pressas nas noites frias de Inverno, assim como quem guarda o melhor doce para o fim.

sábado, 6 de setembro de 2008

Acabaram as férias.




Acabaram as férias. Na minha praia costumam ser boas. Não anda muita gente por lá e tudo é muito tranquilo. Compra-se o jornal, bebe-se um café, apanha-se sol e sobra o tempo para olhar o mar.


Quanto a leituras não há melhor do que as férias para as fazer. Ler de madrugada até que o sono chegue ou então na praia.

Foi tempo de ler os livros começados. Sandor Marai, A Mulher Certa, cuja leitura proporciona sempre o suave prazer de ler um livro bem escrito. De Jack London só tinha lido O Apelo da Selva, por isso, tive curiosidade de ler A Peste Escarlate, publicado na, muito útil, colecção do Diário de Notícias.


É para as férias que gosto de recambiar alguns livros. Desde os tempos em que me preparavam as refeições e não precisava de trabalhar que evito os livros com tantas páginas como As Benevolentes de Jonathan Littell. Todavia, as referências na imprensa e o prémio Goncourt convenceram-me a pô-lo no saco de viagem.

A temática da guerra foi ocupando cada vez menos espaço nas minhas horas de leitura. Em criança, fascinada pelo título do livro, lutei com as palavras de Harrison Salisbury para entender Um Americano em Hanoi. Na adolescência, o Dom Tranquilo foi lido com agrado, mas foi Morreram Pela Pátria, o outro livro de Mikail Cholokov, que me emocionou. O Diário de Anne Frank fez-me pensar na injustiça.

Littell numa linguagem talentosa, fria e corajosa abre uma janela para o outro lado. O lado que a ficção menos tem explorado.

Ainda assim, As Benevolentes levam-me a pensar nos que desejaram e nos que desejam uma sociedade perfeita. Uma sociedade sem energúmenos de todo o género e sem maçadores fora-da-lei. Uma colectividade de homens transgénicos que quase fazem lembrar a irmã e o cunhado de mr Hulot. Tentativa falhada para juntar a tantas outras.


Por acabar ficaram A Arte da Guerra de Maquiavel, Chipre limões Amargos de Lawrence Durrel, A Misteriosa Chama da Rainha Luana de Umberto Eco e os que eu ainda não li e coro de vergonha só de pensar. Por outro lado posso dizer – vêm aí as férias de Natal.