quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O ano em revista

"O ano em revista" lembra qualquer coisa que andava no ar de antigamente. Agora as coisas são mais simples. Os anos passam mais depressa, mas já não deixam marcas. E quando se quer passá-lo em revista é difícil e é preciso apertar bem os olhos, como fazem as crianças, para tentar trazer à memória algo que valha a pena.

Vejamos, talvez a cama aquecida, bem quentinha, para onde apetece ir ler antes de adormecer, ou as idas à sessão da meia-noite para ver aqueles filmes que os críticos asseveraram imperdíveis. Também os passeios pela cidade, à sexta-feira à tarde, antes de ir jantar. Uma cidade onde não faltam as avenidas largas, as lojas de montras brilhantes, o trânsito caótico, o anoitecer luminoso. Os livros que não foram lidos como se tinham pensado, os papéis que não foram arrumados e tudo o mais que se pensou fazer e que ficou incompleto.

Mas o Ano Novo é sempre um tempo renovado, novinho em folha e por isso se inaugura a primeria página da agenda. Vontades que se registam nas folhas em branco, as idas ao ginásio, as palavras da língua que se quer aprender, livros que têm de ser lidos, viagens que se organizam mentalmente, tudo registadinho e pronto a ser feito.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

cinema à 2ª
















Por preguiça quase nunca vou ao cinema, faço mal.Mas ontem fui ver a Seraphine. A relação de Seraphine com a natureza é tão leal, directa e recuperadora que dificilmente o espectador pode conter as lágrimas.

Seraphine - de Martin Provost (2008) - é um filme sobre a história de Seraphine Louis ou Senlis, uma empregada doméstica que se tornou pintora e que foi acidentalmetne descoberta por um coleccionador.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

olhar em frente

Começa um novo ciclo.
Depois de tantos meses a debater a situação do país, aterramos hoje (sem qualquer tipo de apoio) no Portugal verdadeiro, triste e amargo.
Felizmente está sol!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O tempo tem sido pouco

A campanha eleitoral está quase a acabar. Ainda bem, isto tem sido um enjoo. Portugal comporta-se como um país milionário. Podíamos ter votado em para o Parlamento, Legislativas e Autárquicas no mesmo dia. Já estaríamos a pensar no Orçamento em vez de estarmos a pensar nas vulnerabilidades informáticas.

Já nem me lembro em quem votei há uns meses atrás. Devo ter votado bem, voto sempre. Nas legislativas votei com a carteira, mas saí um bocado enjoada do local de voto.
No próximo domingo vou votar com gosto. Vou votar num conhecido meu.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

o comportamento viral dos portugueses













A ministra da Saúde recomendou aos portugueses que tivessem comportamentos socialmente correctos em relação à nova gripe. A recomendação é compreensível mas nem o ministério nem a comunicação social conseguirão atingir tão nobre objectivo enquanto não acabarem as férias, enquanto não vier o frio ou enquanto não aparecerem casos de gripe muito graves que deixem os portugueses muito assustados.
Estou em crer que isso só acontecerá lá mais para a frente, mas aí os portugueses são muito capazes de acusar a ministra da Saúde de não os ter avisado.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

o poder da cor












Hoje está um dia lindo de Agosto, céu azul límpido, a linha do horizonte bem recortada. Enfim, tudo perfeito do ponto de vista cromático.

Até agora está a ser um dia perfeito, ainda para mais sendo segunda-feira. Tudo normal excepto o facto de ter vestido uma camisa lilás e de me ter cruzado com outras tantas pessoas que hoje escolheram a mesma cor para se trajarem.

Gosto de quase todas as cores, mas tenho uma atracção especial pelos tons entre o roxo e o lilás, entre a beringela e a beterraba, o que, por vezes, faz com que a opção por roupa desta cor seja pouco convencional.

Mas o que me intriga é o que leva as pessoas a escolherem roupa de determinada cor para vestirem. Se não tivermos ideias preconcebidas em relação a determinadas cores ficaremos então livres para optar por qualquer uma das que existem na paleta. Será que existe o poder da cor?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

As férias dos sem-terra

















Deve ser muito aborrecido ter de trabalhar para as férias dos outros, mas não há remédio, é uma das muitas profissões existentes.


Aborrecido, triste mesmo, é trabalhar sem ter no horizonte uns dias de férias. Não poder ter um «lugarinho» no pensamento para sonhar com uma praia de límpida água azul ou uma casa com caramanchão ramoso como as que aparecem nas fotografias coloridas das revistas da especialidade. E, é este ir pensando que é tão benéfico para a alma.


Para além de tudo o mais, as férias são para arrecadar a energia que nos fará falta nos meses frios tal como o tempo das colheitas serve para guardar alimentos para o Inverno. As férias são uma graça para os sem-terra das cidades.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Oeste Nada de Novo

Oh quanto tempo! É verdade, mas a falta de tempo aliada à falta de imaginação é no que dá. No entretanto pouco aconteceu que justificasse uma corrida ao teclado. Talvez as mini-férias do 10 de Junho, ou a má sorte eleitoral de Sócrates justificassem um escrito, mas como o tempo esteve de feição para a praia e o resultado eleitoral era esperado nem isso foi motivo.

O Verão faz destas coisas; amorna a gente que fica na cidade e são poucas as notícias que parecem ter qualquer coisa de diferente como a da «provocação» ao encenador Ricardo Pais no Festival ao Largo, que Diogo Dória, Miguel Guilherme, Rita Blanco e Nuno Artur Silva resolveram fazer e assumir.

Um novo «Manifesto Anti-Dantas» quase cem anos depois cujo mérito é de permitir a quem passa poder assistir ao tratamento que é dado ao assunto.

Diogo Infante «não exerceu qualquer acto de censura para com uma decisão que era artística», fez bem mas pareceu pouco confortável. Os responsáveis pelo Festival pareceram-me estar chocados e receosos. Provavelmente os manifestos estão em desuso assim como tudo o que agite o nosso meio.

terça-feira, 26 de maio de 2009



Jorge Colombo fez a capa da revista newyorker desta semana. Um português em Nova Iorque, reino de todas as possibilidades, ou simplesmente um ilustrador de sucesso.


quinta-feira, 7 de maio de 2009

Alfaces da horta



Aderi à moda da horta. Não tenho muito espaço, mas boa vontade não falta. Ainda não tinha ido além da salsa e dos coentros, mas este Inverno lancei-me noutros produtos. Desde Janeiro que como alfaces deste vaso. Como não gosto delas grandes, só preciso de alguma paciência para catar com a tesoura folhinha a folhinha. É ao Domingo que me dedico a este desporto e aproveito ainda para olhar o rio que no final da tarde tem um azul lindo. 

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sopa de tomate

Ando a prometer há algum tempo deixar de jantar. Ainda não foi hoje, mas já estou no bom caminho.

Jantei uma sopa de tomate que fiz na Bimby, não tão boa como a que comi em casa do Francisco José Viegas. Foi há mais de vinte anos, era ele um jovem magro, mas já se adivinhava ali alguém com mão para a cozinha.

Lembrei-me da sopa de tomate ao ler na revista do Expresso a sua frase “O meu momento de realização é quando há um silêncio. E depois, alguém diz: Hmmm!!”.

É verdade, foi a melhor sopa de tomate que já comi. Fiz com satisfação: Hmmm!.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Gestos de fim-de-semana


O meu 1º de Maio não me deixou saudades, antes pelo contrário. O 25 de Abril tinha sido há poucos dias e eu (sem grande razão de queixa dos fascistas, embora os achasse cinzentos), pensei que a festa fosse para sempre. Não me curei desta ideia romântica, por isso não me espantei com o que aconteceu a Vital Moreira. No meio daquela confusão, achei curioso o gesto de Vitor Ramalho que com vigor puxa pelo braço do candidato  quando este olha para trás. Relembrei o mito de Orfeu que para salvar Eurídice não poderia olhar para trás quando descesse ao inferno. Vital Moreira sentiu necessidade de olhar, é normal não nos podemos desligar do que fizemos, faz parte de nós.

Seguro, um aristocrata  na política

 António José Seguro é, a partir de agora, um homem a ser observado, por mim, é claro.

Parece ser honesto e teve um gesto de coragem, votou, sozinho, contra a Lei de financiamento dos partidos  ou como alguém disse contra o regresso da mala.

Agustina Bessa-Luís escreveu, num dos seus romances, uma frase de que gosto muito - “Pois que é a aristocracia senão o degrau mais alto que uma sociedade deseja atingir, a supremacia de determinada classe sobre as outras, a imposição dos seus valores, sejam eles de força, de trabalho, de espírito, conforme a época que lhes é propícia?”

Se o gesto de Seguro não foi inventado por uma qualquer empresa de comunicação, se foi autêntico e genuíno, foi uma verdadeira pedrada no charco.

 

 

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Fugas



No sábado passado, Isabel Mineiro escreveu, no Fugas do Público, uma crónica que caiu na minha alma como sopa no mel. Uma crónica dedicada às maravilhas de viajar sozinho. 
Como estava de férias e há anos que ando para ir a Coja, pensei  ir até  Vila Pouca da Beira e ficar na Pousada do Convento do Desagravo. Dali poderia visitar Coja e  Avô e aproveitar para usufruir daquelas paisagens. Ainda não foi desta, a chuva e as notícias da gripe tolheram-me os movimentos. Fiquei em casa à espera de um raio de sol reconfortante.


quinta-feira, 16 de abril de 2009

salários




No Negócios da Semana, o banqueiro Espírito Santo falou acerca das remunerações dos administradores. Nem dei atenção, pois acredito que sejam pessoas dotadas de conhecimentos que lhes permitem desempenhar funções que não estão ao alcance de todos e como tal podem receber o que os patrões lhes quiserem pagar.
A mim não me apanham como àquela senhora que há uns bons anos a televisão apanhou na rua a gritar contra o Presidente Mário Soares, insensível aos problemas dos outros, por ganhar alguns oitenta contos. Não arrisco por isso a insurgir-me contra os não sei quantos milhões que o dr. Silva Lopes recebeu por dois ou três meses de trabalho.
O que me preocupa é o à-vontade com que o dr. Silva Lopes, que eu aprecio-ava, vem clamar sobre a necessidade de contenção salarial.
É assim, se o dr. baixar o ordenado talvez eu não me importe de baixar o meu.
Mas o dr. Silva Lopes não é o único a alertar para os perigos do nosso endividamento e a desgraça que isso representará para as gerações futuras. Concordo, mas ou há moralidade ou ....
Pelo exposto, elejo o dr. Silva Lopes como o nosso Alain Greenspan, que também se enganou, mas já se arrependeu.
O dr. Silva Lopes terá também de se arrepender por ter contribuído para o coro dos que acham que os erros dos administradores competentes e dotados devem ser pagos pelos burros do costume.

terça-feira, 14 de abril de 2009

gestos



O abraço destas duas mulheres foi coisa rara. A rainha quebrou um protocolo de séculos. Quem sabe se por estar mais velha e achar que o que há de mais importante são as pessoas. Mas não ao ponto de deixar passar em claro o alarido de Berlusconi mandando-o calar como só os reis sabem e podem fazer.

Mas nem todos os gestos são recompensados e por isso o treinador do clube do Porto vai ficar de castigo a ver o jogo pela televisão.
Jesualdo qual Almada Negreiros pensará agora "E fique sabendo o Dantas que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar."

quinta-feira, 26 de março de 2009

A água


Poderia dizer que não escrevo por isto ou por aquilo.
Mas não o vou fazer pois o meu público não merece. Se fosse o público da Amy Winehouse, que lhe perdoa tudo, eu ainda arriscava, mas assim não.
Nem sempre apetece escrever, ou por outra às vezes a vontade de escrever por impulso é grande mas não aconselho a ninguém.
Aos assuntos mais corriqueiros como a crise, a taça da Liga ou o Papa já todos foram arrebanhar o seu quinhão.
Felizmente, sem o saberem, deixaram-me um assunto que me comove. A imagem de Zeinal Bava com um economista, cujo nome não consigo recordar, e duas garrafas de água VOSS. Nem sequer se trata daquelas águas com cristais que custam caro e até podem furar as tripas, mas também não eram águas de nascente «tout court».
Neste momento, o leitor que não se comove com tão pouco estará suspenso e ansiando pela explicação que sabe não tardará. E, é verdade.
Nos tempos que correm o ser humano tendo ouvido dizer que temos de mudar de paradigma anda de cabeça perdida sem saber como vai ser a sua vida futura. Sem poder emitir CO2 com fartura terá de repensar os seus sinais exteriores de riqueza. A água, que será um bem escasso no mundo dito civilizado - no outro já é, tornar-se-á uma fonte de conflitos. O meu receio é que se transforme num factor de distinção entre os homens. É por isso urgente que nos perguntemos para que

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009


Carnaval


A diversão barroca!


 

Barroca enquanto objecto natural, em bruto, matéria rudimentar não trabalhada. Não como o que é elaborado como aparecerá mais tarde no  vocabulário dos joalheiros. Não como a obra de joalharia mental.


Os dicionários teimam em aliar o termo ao que é bizarro, excêntrico ou até barato. 

À história do Barroco poderiamos acrescentar, como seu reflexo infalível, o da repressão moral: uma lei manifesta ou não, denuncia na prática do Barroco um desvio ou uma anomalia em relação a uma forma precedente, pura, equilibrada – a um classicismo. Só a partir de D’Ors o anátema se atenua: ou melhor dizendo, se dissimula.

Eugenio D’Ors refere-se ao Carnaval em contraponto à Quaresma. O Carnaval quase tão litúrgico quanto  a Quaresma que enquanto prepara a Sexta-Feira Santa expia a Terça Gorda.

Dirá  - que nojo um Carnaval perpétuo: Mas que sonso, um ano sem nenhuma forma de Carnaval!

Uma instituição Barroca que tal como as férias tem um valor de excepção. Encontram ambas nas leis rigidas, quer as do trabalho quer as sociais, a  sua legitimação.


Mas


- O Carnaval popular morreu. Podia ler-se no Diário de Notícias de sexta-feira, disse-o Moisés Espirito Santo que lamenta a morte de um Carnaval que “tinha vontade de libertação relativamente a preconceitos e a repressões do dia-a-dia.





sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O Dia


klimt
Quem gosta de namorar terá sempre um dia de Fevereiro para o fazer.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Dia


Chagal

Maria José Nogueira Pinto num frente a frente com Bernardino Soares, ontem na Sic Notícias, reconheceu que há 6 anos, quando apresentou um proposta para as reformas, ficou espantada com o PCP que alertou sobre o perigo que podia existir com a eventual falência de seguradoras. Nesse tempo acreditava na solidez de instituições que, agora, se vão desmoronando.

Reconheceu um erro, o que no panorama nacional é quase inédito. Obama fê-lo, mas em Portugal não é hábito. O erro de Maria José Ngueira Pinto revela talvez alguma ingenuidade e é preciso coragem para se reconhecer como tal.

Maria José Maria José Nogueira Pinto teve algumas responsabilidades políticas e não é importante discutir agora se as desempenhou bem ou mal. O seu nome serve apenas de pretexto.

O que interessa é perceber o que está na origem dos erros que os politicos cometem. Um trabalho árduo, pois não tem conta o rol das asneiras.

Os melhores erros são os de ingenuidade. Os piores talvez sejam os mal intencionados, os propositados, os de desleixo.
E, os de ignorância ? Será lícito puni-los?
Será lícito condenar alguém que não sabe o que está a fazer?
Será lícito punir alguém que não sabe o que tem de fazer?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Dia


H. Bosh
A crónica que o Dr. Mário Soares escreve hoje no Diário de Notícias, se não tiver utilidade de carácter político tem pelo menos o mérito de nos obrigar a ir à janela gritar a bem alto. Um grito forte que nos aliviará os pulmões e sobretudo a alma que está negra por ter de assistir impotente à impunidade que vai pelo mundo endinheirado.
Obama constata agora que o dinheiro do Plano Paulson foi para os executivos dos grandes bancos repartirem entre si. E na Europa e em Portugal? Virá alguém explicar?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

O Dia


Graça Morais
Isto está ...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O Dia


a preguiça

A preguiça tem destas coisas. Dá-nos uma vontade de não fazer nada e quando olhamos para o calendário nem queremos acreditar, mas o tempo voa e não se condói dos preguiçosos.