quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Mudanças

As mudanças nos Governos têm destas coisas. Cada ministro terá uma ideia para a pasta que vai ocupar. Até se compreende e só perturbará as pessoas mais sensíveis às alterações de rotinas. Fica, no entanto, a dúvida de como alguns sectores da Administração resistirão às mudanças mais bruscas.

Dalila Rodrigues foi afastada por «entre outras coisas» querer um museu menos dependente. Paulo Henriques, ao que consta, foi nomeado para travar um pouco essa tendência e agora será substituído por um perfil mais vocacionado para a gestão.

E o museu, e os poucos funcionários e a falta de dinheiro, e os serviços da Administração, resistirão a tanto?

Estará a solução em transformar o património em «bijou» de mecenas ou em loja de venda de «marchandising»? Meias dúzia de anos serão suficientes para aferir resultados?

Os problemas da Administração não acabarão com a tentativa de solucionar problemas visíveis. Há um iceberg, grande, caro, preguiçoso, sem ideias e que se esconde. Tem por lema «Quem não aparece, esquece».

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

horta







Os lavradores têm dito horrores do tempo. Eu felizmente não me queixo. As alfaces estão lindas, a hortelã também e o aipo começa agora a estar pronto para, depois de receber os primeiros raios de sol, ir parar ao tacho do risoto.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

kindle














Casas onde os livros atrapalham podem agora ser socorridas por esta placa quase minúscula. O Kindle. Meia dúzia de teclas e um ecrã, cuja aparência não é muito diferente da folha de livro, evitam o calvário de ter de limpar o pó a muitas centenas de livros, que se vão acumulando ao longo da vida, ou andar de nariz no ar à procura de um título que se perdeu de vista. Para quem gosta de ler na cama é óptimo, tem a dimensão e o peso ideais. Mas tem ainda algumas falhas para ser perfeito; não tem luz, o que dificulta a leitura nocturna, e andar de folha em folha é mais rápido no livro de papel. Tem a grande vantagem de possibilitar a compra de um livro em poucos segundos.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Tempo das romãs











No dia de Reis comemos romãs. Dantes guardavam-se penduradas para que chegassem intactas a este dia. Vinham de romanzeiras, bem altas e antigas que na Primavera floriam e nos faziam pensar no tempo das romãs. Guardam o Sol nos bagos daí a sua beleza que transformamos em ritual capaz de trazer felicidade para o futuro.
Quando eu nasci estas romãzeiras já tinham dado muitas romãs. Não sei quem as plantou, mas deve ter sido o meu avô que tinha particular apreço pelas belas árvores de fruto e de jardim. Agora já não existem, mas deixaram um ritual.





Uma esperança em Vão do paquistanês Nadeem Aslam conta a história de vidas cruzadas durante a invasão soviética ao Afganistão, em 1979.



Uso o papel que envolve o sabonete de romã da Ach Brito para fazer marcadores de livros.


Aforismo de segunda-feira

A manhã de segunda-feira é a pior da semana.
A pouco e pouco recupera-se a vida e a meio da manhã estamos como se nada fosse. Mas hoje não sou só eu, também os políticos e os jornais estão ronceiros.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Listas








Quando começa o ano gostamos de fazer projectos. Listas, mais ou menos extensas, cheias de deveres para cumprir. Também tenho uma lista cheia de coisas para fazer, e uma delas é ler A Vertigem das Listas de Umberto Eco, que alguém, em boa hora, inclui na lista de ofertas de Natal.

Folheando encontrei estas palavras:

Retórica da Enumeração

A retórica estimou desde a Antiguidade listas ritmicamente medidas e mensuráveis, nas quais aludir a quantidades enexauríveis não era tão importante quanto atibuir a qualquer coisa propriedades de um modo redundante, frequentemente por puro amor pela repetição.

Listas de Lugares

Tal como os indivíduos e as coisas, também os lugares são frequentemente indizíveis e, mais uma vez, o escritor recorre ao et caetera da lista.