quinta-feira, 4 de março de 2010

etiqueta a mais









Um destes dias fui ao supermercado lá da rua. Entrei, recolhi duas ou três coisas que precisava e quando quis pagar é que foram elas; alarmes a apitar, luzes a acender e a apagar que mais pareciam fogo-de-artifício em noite de romaria.

A menina, sem paciência e com mau modo, ia perguntando – os sapatos são novos, o casaco, a mala? Ia-lhe dizendo que não, mas pelo sim pelo não entreguei-lhe a malita que ela passou na máquina. Não apitou. Ao contrário, cada vez que me aproximava dos alarmes era um chinfrim desgraçado. Eu, que quase nunca compro nada, desfazia-me em desculpas e dizia que nada era novo. Receosa, lembrei-me que na semana anterior me tinha acontecido o mesmo numa loja, mas como o alarme tinha tocado à entrada deixaram-me sair sem qualquer problema; e como não ando a assaltar lojas também não liguei muito ao assunto.

Entretanto, a multidão que se foi juntando nas caixas ia certamente tomando partido, mas nem me atrevia a encará-los de frente. Olhei timidamente por cima do ombro e pensei - se o polícia, que está à porta, se aproxima eu morro de medo! O lampejo da sobrevivência atingiu-me o cérebro e num ápice despi o casaco. A menina passou-o, maquinalmente, na máquina. Apitou, tinha uma etiqueta, que a menina bondosamente desactivou.

Paguei e saí do supermercado dando graças a Deus por ter uma etiqueta no casaco e não numa qualquer peça de roupa mais próxima do corpo.

Mas hoje pergunto-me se não haverá nada para proteger o cliente incauto nestas situações? Como é que um ano ou dois depois a etiqueta volta a ficar activa?

Eu não peguei naquele casaco e não saí da loja de um qualquer centro a correr para não ser apanhada. Paguei o casaco e saí calmamente com o casaco no saco e não houve alarmes sonantes.