segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O gosto dos portugueses, as rolhas de cortiça, as faianças Bordalo Pinheiro e os Louboutin











Não se pode dizer que portugueses sejam antiquados. Ligam-se com exagerada facilidade a tudo o que é novo, moderno e que venha lá de fora.

No princípio dos anos sessenta, a casa dos meus avós sofreu uma revolução na decoração da sala. Uma tia, menos conservadora, e algum dinheiro bastaram para atirar para o armazém os móveis torneados, feitos por medida nos primeiros anos de1900, o canapé de palhinha e a mesa pé de galo. Foram substituídos por móveis mais consentâneos com o gosto dos anos sessenta, mais americanizados.

Melhor sorte teve a louça que decorava a cozinha. Couves gigantes que, se fosse preciso, seriam terrinas, carantonhas coloridas, que teriam serventia de canecas caso fosse necessário, e toda a espécie de bichos do campo promovidos ao patamar da decoração.


Mas os tempos mudaram e já ninguém aprecia especialmente o mobiliário americano, as faianças Bordalo Pinheiro (que por isso atiraram trabalhadores para o desemprego), ou os sapatos portugueses que são agora substituídos, no nosso pobre imaginário, pelos Louboutin, Manolo Blahnik ou pelos Prada. E sendo tal o nosso gosto pelo novo não tardará que as rolhas de cortiça, do nosso montado, sejam substituídas. Mas deveríamos manter tudo o que é nosso, nem que seja por uma questão de prestígio como diz o enófilo Vasco d’Avillez.