
Ela canta, pobre ceifeira Ouvi-la alegra e entristece, Ah, canta, canta sem razão ! Ah, poder ser tu, sendo eu ! A ciência Pesa tanto e a vida é tão breve ! Entrai por mim dentro ! Tornai Minha alma a vossa sombra leve ! Fernando Pessoa Inquietante. No mínimo é o que se pode dizer sobre a semana que acaba. Estará o mundo desgovernado? Quem não gostaria, agora, de ser como a pobre ceifeira que canta. Dinis Machado Há trinta anos, O Que Diz Molero era motivo de conversa em todas as tertúlias de café. Lá de casa já desapareceu essa edição e a mais recente, também, anda desaparecida. «O caso do livro desaparecido» um nome possível para um policial que McShade poderia ter escrito. Nunca se recupera um livro emprestado e nos casos em que isso acontece é sempre pela mão de pessoas que já não se usam, as do seu a seu dono. Nobel Jean-Marie Gustave Le Clézio ganhou o prémio. Nunca li nada que tivesse escrito. Não é por não gostar da obra é por não a conhecer. Vou ler, mas primeiro tenho de ler os livros de Doris Lessing , que ganhou o prémio o ano passado ou no outro já nem sei pois também não li o Pamuk.A propósito do prémio passiei pelos blogues e constatei que ainda não li La Possibilité d’Une Île de Michel Houellebecq. Quando foi publicado todos diziam que era do melhor que tinha sido escrito. Na ânsia de ler e como não havia tradução comprei a edição francesa. Até hoje.
Hoje estou azeda E porque? Não li os livros que gostava de ter lido. Tenho sempre pouco tempo. O tempo esboroa-se-me por entre os dedos. Tenho de encontrar maneira de alterar este meu pendor para perder tempo. Esta porcaria cola-se à pele como doença contagiosa. No final de um dia de trabalho, ainda assim são 7 horas, saio com a certeza de ter perdido tempo precioso. Quem sabe se sentiria o mesmo se estivesse as mesmas horas a semear batatas, a sachar ou a varejar . Como se tudo isto não fosse um problema, um problema dos grandes, entramos agora numa nova era. Um tempo em que deveríamos estar unidos. Mas ao invés, estamos, muito de nós, convencidos que é possível sobreviver sem os outros, fechados sobre nós e os nossos. AIG de férias A AIG só não faliu porque o Estado lhe deitou a mão. Salvaram-se de boa os americanos que têm lá a reforma. Agora, que tudo está resolvido, os responsáveis pela empresa e pelo prejuízo foram de férias. É o repouso do guerreiro. Mas ainda há quem se indigne. |