sábado, 6 de setembro de 2008

Acabaram as férias.




Acabaram as férias. Na minha praia costumam ser boas. Não anda muita gente por lá e tudo é muito tranquilo. Compra-se o jornal, bebe-se um café, apanha-se sol e sobra o tempo para olhar o mar.


Quanto a leituras não há melhor do que as férias para as fazer. Ler de madrugada até que o sono chegue ou então na praia.

Foi tempo de ler os livros começados. Sandor Marai, A Mulher Certa, cuja leitura proporciona sempre o suave prazer de ler um livro bem escrito. De Jack London só tinha lido O Apelo da Selva, por isso, tive curiosidade de ler A Peste Escarlate, publicado na, muito útil, colecção do Diário de Notícias.


É para as férias que gosto de recambiar alguns livros. Desde os tempos em que me preparavam as refeições e não precisava de trabalhar que evito os livros com tantas páginas como As Benevolentes de Jonathan Littell. Todavia, as referências na imprensa e o prémio Goncourt convenceram-me a pô-lo no saco de viagem.

A temática da guerra foi ocupando cada vez menos espaço nas minhas horas de leitura. Em criança, fascinada pelo título do livro, lutei com as palavras de Harrison Salisbury para entender Um Americano em Hanoi. Na adolescência, o Dom Tranquilo foi lido com agrado, mas foi Morreram Pela Pátria, o outro livro de Mikail Cholokov, que me emocionou. O Diário de Anne Frank fez-me pensar na injustiça.

Littell numa linguagem talentosa, fria e corajosa abre uma janela para o outro lado. O lado que a ficção menos tem explorado.

Ainda assim, As Benevolentes levam-me a pensar nos que desejaram e nos que desejam uma sociedade perfeita. Uma sociedade sem energúmenos de todo o género e sem maçadores fora-da-lei. Uma colectividade de homens transgénicos que quase fazem lembrar a irmã e o cunhado de mr Hulot. Tentativa falhada para juntar a tantas outras.


Por acabar ficaram A Arte da Guerra de Maquiavel, Chipre limões Amargos de Lawrence Durrel, A Misteriosa Chama da Rainha Luana de Umberto Eco e os que eu ainda não li e coro de vergonha só de pensar. Por outro lado posso dizer – vêm aí as férias de Natal.